Programa assistencial que atinge 13,6
milhões de famílias e concede, em média, R$ 144 a cada uma, se mostra
uma pérola reluzente da popularidade do governo federal;
assistencialismo se mostrou popular na crise aberta com boatos sobre sua
supressão; não há o menor espaço político, a partir de agora, para
mexer nele
247 - O nome técnico é Transferência de
Renda com Condicionalidades. Na prática, trata-se da pérola mais
reluzente do governo federal. É o Programa Bolsa Família, que hoje
beneficia 13,6 milhões de famílias com uma renda média de R$ 144. Pouco?
À medida em que apenas núcleos familiares com renda entre R$ 70 e R$
140 podem receber o benefício, condicionado à permanência de filhos na
escola, o valor repassado pelo governo, a partir de recursos do Tesouro,
chega triplicar os vencimentos dos beneficiados. Lançado à berlinda em
razão dos boatos de que iria acabar, o Bolsa Família saiu fortalecido de
sua mais rumorosa crise. Propriedade do governo, o programa tem sua
criação reivindicada pelos adversários do PSDB. De olho no alcance
social do benefício, o senador Aécio Neves, presidente e presidenciável
do PSDB, foi o primeiro a lembrar que o Bolsa Família de hoje teve
origem nos programas assistenciais desenvolvidos no governo Fernando
Henrique. O ex-presidente José Sarney igualmente pode tirar um lasquinha
da popularidade do Bolsa Família, à medida em que estabeleceu o
programa do leite, que levava o produto às famílias em situação de
extrema pobreza. Sabe-se agora que a Caixa Econômica Federal alterou, na
véspera do boato, o modo de pagar o benefício. Não para terminar com
ele ou promover uma redução, mas para adiantar o pagamento ao
beneficiários, despejando todos os recursos num único dia, 17. Talvez
essa movimentação de bastidores tenha motivado um diz-que-diz-que que
alcançou dimensão nacional. É o que a Polícia Federal está investigando.
O certo é que o Bolsa Família sai extremamente fortalecido do episódio
dos boatos. Como registrou o ex-porta-voz da Presidência da República
André Singer em artigo no jornal Folha de S. Paulo, ele mostrou, em
razão da agitação popular, toda a sua importância. Na sexta-feira 24, o
governo divulgou, em relação ao programa, um dado irretorquível: a
mortalidade infantil teve uma redução de 17% nos últimos anos, em razão
da melhor nutrição das crianças brasileiras de zero a cinco anos. Um
efeito direto dos R$ 144, em média, acrescidos na renda das 13,6 milhões
de famílias beneficiadas. Pode-se entender o Bolsa Família como um
programa efêmero e assistencial, tão somente, mas o mais prudente é não
colocá-lo em questão. Sob pena, para um presidenciável, de sair na
corrida ao Palácio do Planalto com um déficit superior a uma dezena de
milhões de votos. Com os boatos, o Bolsa Família cresceu, apareceu e se
tornou imutável.
Fonte: Blog da Dilma
Nenhum comentário:
Postar um comentário